domingo, 23 de agosto de 2009

Comercial Energyse - abril 2005

Surge um novo Cenário Publicitário no Brasil

Por Aline Riccioppo

A cidade de São Paulo começa a ser valorizada como campo da publicidade, antes privilégio do Pelourinho, em Salvador, ou das praias cariocas

Uma equipe irlandesa, juntamente com a produtora brasileira Vide o Verso, gravou, entre os dias 30 de abril e 7 de maio, um comercial de energético que veiculará em toda a Europa. O cenário escolhido foi o patrimônio histórico do centro de São Paulo, o edifício Martinell. Construído em 1925, foi o primeiro aranha-céu da América Latina.

O evento movimentou o cotidiano do lugar. A produtora assinou um contrato com a Prefeitura, assumindo a responsabilidade caso houvesse qualquer tipo de dano ou alteração no prédio. Outro contrato estabelecido foi com o restaurante Requinte, para que todas as pessoas envolvidas na produção se alimentassem durante o longo período de gravação que começa antes das seis da manhã.

O comércio abriu excepcionalmente aos finais de semana durante as gravações. “As vendas aumentaram e o próprio café foi indicado como cenário para outros comerciais”, diz Marta Avoletta, gerente do Café Martinelli. O apoio do DETRAN (Departamento de Trânsito) foi fundamental. “Conseguimos uma permissão para estacionar os carros nas calçadas, em cima da faixa de pedestres e em filas duplas. O Brasil possui essa vantagem, pois no exterior isso não seria viável”, diz Rogério Silva, segurança da produtora brasileira.

Aqui, não existe mão-de-obra para a montagem de um cenário artificial. “São Paulo está entrando com tudo nesse meio, pois os prédios são cenários prontos”, diz Andress Castilho, produtor internacional do comercial. As vantagens do Brasil em relação ao resto do mundo são inúmeras. Segundo Eduardo Abromovay, produtor administrativo, a Europa, por exemplo, possui um clima muito frio para gravar certos comerciais e, países como a África do Sul, a Argentina e principalmente o Brasil, são favoritos nesse quesito.

O prédio praticamente parou para servir aos pedidos da produção. Walter Costa, administrador do Martinelli conta que o clima é terrível, “o movimento não parou em momento algum, os elevadores só serviam a produção”. Alguns andares do prédio foram utilizados para acomodações da produção como a sala de figurinos, a de maquiagem e a dos computadores.

Duzentos brasileiros, da agência Retrato Falado, foram empregados como figurantes, que durante o comercial se aglomeravam na porta do prédio, simulando uma fila. Dentre eles, estava Dennis Vereisky, o ator principal. Ele toma o energético (como nome comercial de Energise) e escala os 130 metros do prédio, que tem sua estrutura formada por blocos. As pessoas comemoram ao som de músicas nacionais e internacionais.

Uma produção desse tipo envolve direta e indiretamente mais de mil pessoas, alguns tendo nesses projetos um emprego fixo e, outros, que trabalham nisso como extra. “Na verdade eu sou documentarista, formado em jornalismo pela USP. Faço trabalhos como esse apenas para tirar um dinheiro a mais”, conta o produtor Paulo Reis, um dos contratados.

Muitos curiosos que passavam pelo local da gravação paravam para olhar o que estava acontecendo. Eduardo Abramovay diz que às vezes as pessoas acham que o trabalho de escalar um prédio é algo complicado, mas na verdade não é. “O esporte é perigoso, porém na filmagem tudo tem que ser perfeito, não há risco nenhum”, assegura. Em algumas cenas, a filmagem tinha que ser feita do alto de outro prédio, o que garante a segurança dos atores e a perfeição das cenas.

Uma filmagem longa e trabalhosa finalmente chega ao fim e Andress Castilho, produtor internacional conclui “Será raro o mês no qual não ocorrerá nenhuma produção estrangeira aqui. O cenário é perfeito, tudo pronto. Não há a necessidade da montagem, nos basta os prédios antigos ao fundo”.

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